Programas de intercâmbio para estudo e trabalho são diferencial no currículo – Diário Catarinense.
Agências e recrutadoras afirmam que o número de candidatos com essa vivência é restrito
Participar de um programa de intercâmbio ainda é visto pelas empresas como um diferencial para o currículo, não apenas pelo aprendizado de uma língua diferente – e muitas vezes necessária para exercer a profissão -, mas principalmente pela experiência de ter vivido longe da ajuda dos familiares e lidar sozinho com as obrigações do dia a dia.
Leandro Weigmann, diretor da World Study, em Florianópolis, conta que a maior procura dos universitários é por programas de estudos. De janeiro deste ano até outubro, a agência vendeu cerca de 200 pacotes com destino a países de língua inglesa – 60% das vendas de programas.
A escolha por cursos de idioma no exterior é uma nova realidade para o diretor, que estava acostumado a vender, até a crise econômica de 2008, muitos pacotes para brasileiros trabalharem fora do país.
— O Brasil está vivendo um cenário diferente. O interessado quer se qualificar no exterior e voltar rapidamente para o nosso mercado do trabalho – diz.
Se, até 2008, os Estados Unidos eram o país mais visado pelos estudantes brasileiros, hoje a disputa está acirrada com o Canadá – que oferece programas de estudo e trabalho ao mesmo tempo, opção para quem está disposto a passar um ano fora de casa.
— O Canadá é um dos destinos mais procurados pelos estudantes, pela segurança e qualidade de ensino do país. Além disso, é um país multicultural, aberto a estudantes estrangeiros – afirma Camila Ramos, coordenadora de programas especiais da Intercultural de Florianópolis.
É lá que José Carlos Salatino Filho, de 19 anos, espera estar em dezembro. O estudante de Direito aguarda o visto, sem receio de ser recusado, para viajar até Vancouver, onde fará um curso de inglês por três meses e trabalhará por um ano, caso consiga um emprego.
— Penso que o intercâmbio não vai fazer muita diferença para o meu currículo porque hoje em dia quase todo mundo tem isso. Escolhi fazer o programa mais pela questão de vivência, e para festar, porque ninguém é de ferro – ressalta.
Apesar de mais pessoas buscarem a qualificação, a oportunidade ainda é para poucos. As agências confirmam que há um crescimento da classe C na compra dos pacotes, mas que as classes A e B continuam sendo o maior público.
As psicólogas Leticia Helena Rezlaff e Andresa David, responsáveis pela seleção de candidatos da empresa RH Brasil, de Joinville, afirmam que o número de candidatos com essa vivência é restrito.
— Ter a oportunidade de realizar um intercâmbio acrescenta um diferencial importante ao currículo, pois significa o aprimoramento de um outro idioma e convivência com outra cultura, o que habilita o candidato a lidar melhor com o improviso, com mudanças e adquirir alguma autonomia – destaca Andresa.